Em áreas urbanas a escolha do local muitas vezes fica um pouco limitada em função da disponibilidade de terreno (normalmente são áreas pequenas, com muitas interferências), mas deve-se, na medida do possível dar preferência aos locais com as seguintes características:
-Proximidade de água de boa qualidade e em abundância;
-Proximidade das casas das famílias ou pessoas participantes da horta: facilitar os trabalhos de manutenção da horta e evitar furtos;
-Área exposta ao sol o dia todo ou por pelo menos 4 a 6 horas diárias;
-Distante de árvores para evitar o sombreamento e competição por nutrientes do solo;
-Terrenos não sujeitos a alagamentos ou encharcamentos e ligeiramente inclinados (para facilitar o escoamento do excesso de água);
-Áreas de solo de consistência média (areno-argilosa): se possível evitar solos muito argilosos ou arenosos.
Escolha das espécies
Esta etapa é muito importante, pois as espécies de hortaliças possuem diferentes exigências climáticas, especialmente com relação à temperatura, luz e umidade. A escolha de culturas e cultivares adaptado às condições locais e às épocas de plantio é prática fundamental na agricultura orgânica.
No centro-sul do Brasil (inclui o Estado de São Paulo) a temperatura é o fator que maior influência exerce sobre a produção de hortaliças: afeta o desenvolvimento vegetativo, o florescimento, a frutificação, a formação das partes tuberosas ou bulbosas e a produção de sementes. Algumas espécies se desenvolvem melhor em períodos mais quentes (primavera e verão), outras em períodos mais amenos e frios (outono e inverno) e outras possuem cultivares adaptados a ano todo (ex.: alface de verão e alface de inverno; cenoura de verão e cenoura de inverno, etc.).
De um modo geral, as hortaliças encontram melhores condições de desenvolvimento e produção quando o clima é ameno, com chuvas leves e pouco frequentes. As temperaturas retardam o crescimento, a frutificação e a maturação, podendo também induzir florescimento indesejável.
Sem generalizar, podemos agrupá-las da seguinte forma:
-Hortaliças de folhas, raízes e bulbos: temperaturas mais amenas (15 a 23 C°) Exemplos: alface, couve, almeirão, chicória, rúcula, espinafre, cenoura, beterraba, rabanete, mandioquinha-salsa, alho, cebola, etc.
-Hortaliças de frutos e condimentos: temperaturas mais elevadas (18 a 30 C°) Exemplos: abóboras e morangas, berinjela, jiló, chuchu, melancia, melão, pimentão, quiabo, salsa, coentro, etc.
Portanto, as diferentes exigências das espécies em temperatura é que vão definir as épocas adequadas de plantio.
A luz solar é um dos fatores climáticos mais importantes para a vida vegetal, pois é aquele que promove o processo da fotossíntese. O aumento da intensidade luminosa provoca aumento da atividade fotossintética da planta e consequente aumento da produção de hidratos de carbono, elevando o teor de matéria seca nos vegetais. A deficiência luminosa provoca um maior elongamento celular, resultando no estiolamento da planta (aumento em altura e extensão da parte aérea - caule, folhas, sem elevação do teor de matéria seca).
A duração do período luminoso, denominado de fotoperíodo (número de horas diárias de luz solar), influencia o crescimento vegetativo, a floração e a produção de algumas hortaliças, como o alho e a cebola. Ambas as espécies somente formam bulbos em condições de comercialização, quando os dias têm a sua duração acima de um certo número mínimo de horas de luz - característica que varia de um cultivar a outro. Exemplos: alho - o cultivar "Branco Mineiro" adapta-se bem a dias curtos, quando plantado no outono, em diferentes latitudes e altitudes; os cultivares "Gigante de Lavínia" e "Amarante" são menos precoces, mas exigentes em fotoperíodo, mas tambem produzem bons bulbos quando plantados no outono na região centro-sul; já os cultivares argentinos vegetam vigorosamente nessas condições, mas não bulbificam; cebola - cultivares de ciclo médio ("Baia Periforme" "Piracicaba", "Pira Ouro", etc.) exigem fotoperíodo de 11 a 13 horas diárias de luz e são mais indicadas para o plantio no Estado de São Paulo; cultivares precoces ("Granex", "Texas Grano 502", etc.) exigem fotoperíodos de 10-12 horas para a formação de bulbos.
Outro fator climático importante é a umidade, uma vez que a água é imprescindível à vida vegetal e constitui mais de 90% do peso da maioria das hortaliças. O grau de umidade do ar influencia na perda de água das plantas por meio da transpiração e o teor de umidade do solo influencia a absorção de água e nutrientes pelas plantas. A umidade do solo pode ser controlada por meio da irrigação, sendo esta uma prática imprescindível ao cultivo das hortaliças. O alto teor de umidade do ar afeta o estado fitossanitário das hortaliças, pois favorece o ataque de fungos e bactérias patogênicos. A baixa umidade do ar, por outro lado, oferece condições adequadas para a proliferação de ácaros.
Um aspecto importante a considerar no planejamento da horta com relação às espécies, se refere à duração do ciclo de vida de cada planta (período da semeadura à colheita), que vai determinar o período de ocupação de cada canteiro com as diferentes espécies.
"O tempo ensina, se trabalhar edifica, vem providencia divina, para nutrir o coração do homem terreno celestial"
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